domingo, 9 de maio de 2010

Fazarga



Descobrir o outro lado de Fátima passa também pela descoberta das gentes desta terra que se dedicam a profissões, umas perdidas no tempo e outras que surgiram depois do fenómeno das aparições. Gentes que existem por fazerem o que sempre fizeram e souberam e que, na maioria dos casos não têm seguidores para as suas artes. Artes que se vão perdendo mas cujos mestres teimam em manter de pé, pelo menos enquanto eles existirem. São exemplos de tradições que retratam algumas das vidas que criam a história do dia a dia de gente simples, que sempre se dedicou à simplicidade da vida.

Fazarga



Adelina Carreira era a moleira da Fazarga. Começou a cozer pão ainda menina. A sua avó e mãe também já coziam o pão, e a moleira da Fazarga seguiu-lhes o ofício. O forno sempre foi o mesmo. A forma de amassar e cozer a massa mantém a tradição das antecessoras. A farinha que utilizara vem directamente dos moinhos da Fazarga.

A peça que mais curiosidade levanta é o "buzino". É uma cabaça em barro que produz um som, provocado pelo vento, quando presa junto às velas. Acrescentando que "em minha casa pelo som que ouvia dos buzinos, sabia o vento que faz, e era agradável".

À procura de nova vida

Moinhos há muitos... E Fátima é sem dúvida terra de moinhos. Privilegiada, em quase cada morro tem, ou teve, um moinho.
Património tradicional, existe, muitas vezes, apenas na memória de quem já viveu muitos anos e cedo se habituou ao desencanto de ver desaparecer tais "monumentos".



Moinhos quase irreconhecíveis, transformados em montes de pedras, que passam despercebidos a quem, por eles, passa ao lado.
Moinhos que teriam todo o gosto de existir como antigamente, ou, quando muito, como local de visita a quem não teve, nem terá, o privilégio de gozar da sua companhia ou do seu trabalho.
Moinhos que correm o risco de fazer, apenas, parte do imaginário de quem ainda sonha. Moinhos que teimam em não desaparecer.
Moinhos, quais fortalezas, que como num grito de desespero, pedem alguma dignidade de existência.
Há trabalho feito, mas muito mais trabalho há a fazer. Há moinhos recuperados, mas há muitos mais a recuperar. Há vidas vividas entre moinhos que devem ficar na história. Histórias vulgares ou, talvez, contos de fadas a quererem renascer nos sonhos.



Pessoas que passaram e que deixam marca. Hoje os moinhos estão a apodrecer, e ao seu redor já serve de parque de estacionamento a favor do Santuário de Fátima =( (Parque 30).. parece que o dinheiro está primeiro.
Os donos morreram, os moinhos também... a pena de a vida humana ter fim, tal como os "nossos objectos".





Eis o passado que funcionou

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